Portalegre tinha um Cine-Teatro

Aspeto da fachada do Cine-Teatro Crisfal (coleção de Frederico Corado)

Desta vez vamos até Portalegre e ao Cine-Teatro Crisfal onde o crítico, programador e realizador Lauro António teve um relevante papel entre o final da década de 1980 e o início dos anos 1990. Mas, tudo começou mais de 40 anos antes, quando esta sala magnífica foi inaugurada e o jovem Lauro teve as suas primeiras e marcantes experiências cinéfilas no Crisfal e teatrais com a Companhia do Teatro Nacional D. Maria II.

A construção foi uma iniciativa de um industrial de Santo António das Areias que deu ao Cine-Teatro o nome do poeta Cristovão Falcão, um aventureiro poeta portalegrense que teve uma vida recheada de peripécias durante o século XVI (casou, foi preso, trabalhou como agente do rei…). Além do Cinema, o Crisfal programava também teatro e música e recebia os bailes de Carnaval e dos estudantes finalistas da cidade .

Interiores do Cinema Crisfal (coleção de Frederico Corado)

Perante a degradação do cinema, que se acentuou durante os anos 1980, Lauro António não suportaria ficar de braços cruzados. Por isso decidiu avançar para a gerência da sala e, em paralelo, lançar o Festival Internacional de Cinema de Portalegre que teve três edições entre 1988 e 1990.

A programação trouxe grandes filmes ao Alto Alentejo (de Sergio Leone, Clint Eastwood e de autores brasileiros). No entanto o sucesso de bilheteira deste evento não foi suficiente para permitir rentabilizar uma sala com a escala do Crisfal, que tinha custos de manutenção incomportáveis.

Programa de sala do Cine-Teatro Crisfal (coleção Frederico Corado)

Em finais de 2007 o antigo Cine-Teatro foi alvo de uma reconversão para ser transformado numa discoteca/ bar.

(Agradeço ao Frederico Corado o desafio lançado para escrever sobre esta sala icónica de Portalegre e todo o material partilhado)

(coleção de Frederico Corado)
Cartaz promocional do Festival Internacional de Cinema de Portalegre (coleção de Frederico Corado)

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